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Saturday, July 07, 2007

Quem desatará o NÓ GÓRDIO do nossa subdesenvolvimento?

NAZARENO SANTOS
Não se pode pensar em desenvolvimento sem infra-estrutura. Esse mote juntamente com outras expressões como geração de emprego e renda, verticalização de nossa matéria prima, inclusão disso, daquilo, estão sempre nos discursos dos anunciadores das boas novas para uma terra esquecida e formada dentro de um modelo assistencialista ultrapassado. Esse linguajar rebuscado deve tornar real a qualidade de vida desejada para Itaituba ou não vai passar de sofismas, falácias?
A Plenária que apresentou os eixos temáticos tidos como estratégia de desenvolvimento para os 04 anos de governo, foi sem dúvidas um grande avanço, como foi um avanço a elaboração do Plano Diretor de Itaituba que posso afirmar sem tibuteios traz em seu bojo a mais lídima expressão da vontade popular. Resta agora sua aplicação, pois a antes propalada falta de bússola ou de norte para avanços e conquista de desenvolvimento agora são águas passadas.
A plenária de Itaituba considero que foi expressiva, mas não na expectativa gerada quanto à quantidade de pessoas presentes. Mas se por outro lado ela perdeu para Paragominas, Castanhal em quantidade, asseguro que ganhou em qualidade pelas variadas exposições de motivos e reivindicações que foram colocadas ali cara a cara com a governadora ouvindo tudo atentamente, dentre eles, segmentos do setor madeireiro, pesqueiro, empresarial e comunitário.
De uma coisa posso afirmar: Ela saiu daqui convicta que, de fato, somos um município de terceiro mundo pelo abandono e falta de assistência a que fomos relegados ao longo dos anos, sendo esse ponto colocado com muita propriedade por todos os que tiveram oportunidade de se manifestar, elegendo como prioridades uma maior presença do Estado em Itaituba, que até hoje vem sendo o patinho feio entre os 143 municípios paraenses, tendo em vista que “a menina dos olhos” dos governadores tem sido Santarém, restando a Itaituba viver grudado no cordão umbilical político dos santarenos, cumprindo seu triste papel de ator coadjuvante no desenvolvimento do estado.
Por outro lado, também não podem ser culpados por não termos capacidade nem bom senso para elegermos representantes legais na Assembléia do Estado e na Câmara Federal. Não adianta escamotear a verdade, a governadora embora enfatizando no seu discurso que não ganhou em Itaituba e nos demais municípios do Oeste do Pará, com exceção de Aveiro, mas que nem por isso vai deixar de ser governadora de todos os paraenses em face dessa verdade deverá priorizar investimentos em Itaituba e região até como uma eficácia de esvaziar esse forte sentimento separatista aqui implantado e que está expresso nas quase quarenta mil assinaturas já obtidas num abaixo-assinado que está espalhado por Itaituba e região coordenado pelo Movimento Pró Estado do Tapajós.
Mas diferente da Plenária de Altamira onde ela anunciou o inicio de diversas obras no município, em Itaituba sua retórica se limitou ao conteúdo do PPA, que na divisão do bolo vai definir o que irá contemplar Itaituba que está incluído num dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado, uma estatística até certo ponto irônica para quem já foi um dos maiores produtores de ouro do país.
Para ilustrar o sentido deste artigo deixo ao leitor uma lenda grega do século 8ac. para que sirva de reflexão sobre nossa realidade sócio-cultural. A lenda do Nó Górdio. “Dizia a lenda que o rei da Prígia morreu sem deixar herdeiro e ao ser consultado o oráculo anunciou que o próximo rei viria num carro de bois. A profecia foi cumprida por um camponês de nome GÒRDIO que foi coroado e, para não esquecer do seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa no templo de ZEUS e a amarrou com um nó a uma coluna, nó este impossível de desatar. Górdio reinou por muito tempo e quando morreu seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, porém morreu sem deixar herdeiros.
O oráculo foi ouvido novamente e declara que quem desatar o nó de Górdio dominaria toda a Ásia menor. Quinhentos anos depois sem que ninguém conseguisse desatar o nó, Alexandre o Grande, ao passar pela Prígia ouviu a lenda e intrigado com a questão foi até o Palácio de Zeus analisar o feito de Górdio. Apos muito analisar sacou de sua espada e cortou o nó. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tornou senhor de toda a Ásia, daí a expressão, “cortar o Nó Górdio”, significar resolver um problema de maneira simples e eficaz. E aqui em Itaituba quem vai desatar o nó Górdio de problemas que por aqui ainda são secundários apesar de termos século e meio?
A governadora deixou claro no seu discurso que esse nó não poderá ser desatado apenas por ela, mas com a participação consciente de toda sociedade civil organizada, ressaltando que também não pode ser julgada por mais de cem anos de descaso político. Um discurso realista ou o limiar de mais uma manjada discussão sobre o sexo dos anjos?
O nó é de todos nós, e quem se omitir dele passará a ser cúmplice de uma história que passa, mas não deixa marcas de desenvolvimento. Além dos muitos nós a desatar, precisamos colocar Itaituba nos trilhos, afinal há sempre uma luz no final do túnel. Não se trata mais, de uma simples questão de crença na classe política, mas sim de ações integradas com resultados práticos para hoje. O amanhã virá atrasado em demasia para quem sonha há 150 anos com dias melhores. De retóricas o povo já está de saco cheio ou precisaríamos consultar Freud para sabermos se somos alienígenas ou seres hiperdo licocéfalo? Se Freud não explicou, quem vai explicar Itaituba antes de ser desatado esse bendito nó?


É Jornalista, escritor e Acadêmico de Letras da FAI

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